sexta-feira, 26 de setembro de 2008

APRENDER A BRINCAR...

Gabriela Agustini
Em São Paulo


A brincadeira é mais importante que o brinquedo - e a interação com a família e com outras crianças, imprescindível para meninos e meninas de todas as idades. O conselho é da professora da Faculdade de Educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e coordenadora da brinquedoteca da instituição Maria Ângela Barbato Carneiro.

Ela explica que atualmente os pais, sem tempo, tendem a substituir a brincadeira pela compra de um brinquedo. "Isso não resolve. O que desenvolve a criança é a interação. Os pais precisam aprender a brincar", diz.

Pesquisa divulgada em 2007 pela Ipsos Public Affairs, encomendada pela Unilever, mostra que apenas 53% dos pais brincam com os filhos diariamente e 14% percebem o brincar como um importante aliado no desenvolvimento infantil. "Hoje, os pais brincam menos com as crianças", diz Maria Ângela. "É preciso mostrar o como as brincadeiras têm o poder de conectar a família", ressalta o pediatra Moisés Chencinski, autor do livro "Gerar e Nascer - um canto de amor e aconchego", da Pólen Editorial.

Os especialistas lembram que brincadeiras como esconde-esconde, pega-pega, cantar músicas infantis, contar histórias, entreter a criança com um teatro de fantoches ou marionetes têm um grande valor não apenas no desenvolvimento das habilidades psicomotoras da criança como estimula sua ligação com a família.


Excesso de brinquedos


Por vivermos em uma sociedade de consumo, existe ainda um outro aspecto a observar em relação aos brinquedos: sua quantidade.

"Algumas crianças pedem muitos produtos porque se tornaram colecionadoras de brinquedos, não para brincar com eles", diz Maria Ângela. O importante para a criança neste caso, é mostrar às outras o que se tem e não de fato brincar. A educadora conta que essa competição entre as crianças, embora comum, não deve ser estimulada.

"O melhor caminho para contornar a situação é explicar que não se pode comprar tudo", diz Maria Ângela. Chencinski acredita que uma solução é atrair a criança para a brincadeira sem brinquedo "É preciso conter o consumismo das crianças para não criar hábitos desnecessários e pouco saudáveis", diz.


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